"Não te sei
Não sei o teu cheiro, nem perguntei o teu nome no dia que chegaste com pressa. Sem pressa de sair. Não voltaste, porque no fundo nunca chegaste a partir. E se nunca partiste… Se nunca voltaste… Não sei porque me parece sempre ser a primeira vez que te vejo quando chegas, entre as sombras e a luz do sol.
É como se fosses novo todos os dias. Como se o Sol fosse teu. Como se o Mundo girasse no compasso do teu passo. Não entendes…
Não te amo para sempre. Porque amanhã sei que te vou trocar por ti. Vou voltar-me a apaixonar. Vou voltar a sonhar. Vais-me ensinar a voar. Fazes isso todos os dias e todos os dias começamos de um zero mais à frente.
É como se a descontinuidade de nós nos fizesse mais certos. Mais nossos. É como se nos entregássemos de novo todos os dias, como se ainda nada tivéssemos trocado. É como se fossemos sempre iguais, na nossa desigualdade. Como se tudo fosse nosso, sempre pela primeira vez.
Conhecemo-nos em cada encontro. E nunca te perguntei o nome. Nunca te decorei o cheiro, porque sei que amanhã vens diferente e eu tenho de estar de portas abertas para me apaixonar por ti.
Podes voltar amanhã… Tu não voltas. Renovas-te. E apareces. E eu apaixono-me, e peço sempre para não partires. E tu não partes, mas nunca ficas.
Não me vou apaixonar por ti para sempre…
Mas vou sempre apaixonar-me por ti."
Não é meu, mas adoro :o
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